Foi em dezoito de março de 2012, aniversário da Ana Maria, minha filha, completando trinta anos. Ela estava fazendo os preparativos, então eu resolvi sair pra andar um pouco junto com a Rose, minha esposa. Aí o Márcio, primo dela, decidiu ir também. Eu dei a ideia de subirmos a reserva, conhecê-la um pouco. Afinal, o Parque Estadual da Pedra Branca merece todo carinho. Alguém falou em levar água, lanches, máquina fotográfica etc e, rapidamente, nos reagrupamos cheios de apetrechos. Demos tchau aos familiares nos chamando de malucos e marchamos. Eram oito horas da manhã quando saímos. Pegamos a Estrada dos Bandeirantes, entramos pela Estrada do Camorim e deparamos com a Igreja de São Gonçalo de Amarante. Paramos. Ficamos um bom tempo procurando entender a Obra. A placa inaugurativa informa que foi construída em 1625. Mas e daí?
Fomos para a reserva. Ao chegar na "portaria", recepcionou-nos um vigilante, que nos encaminhou a um senhor com a camisa da CEDAE. Este, levantou-se da cadeira em que repousava tranquilamente e nos cumprimentou, aparentemente, um pouco a contra-gosto. E convidou-nos a segui-lo para uma sala ao lado, o que fizemos. É uma espécie de ante-sala do Parque, onde se encontram organizadas todas as informações sobre ele. O funcionário nos mostrou as trilhas, chamou atenção para as direções e apontou para os pontos de orientação geográfica, para o caso de se perder. Agradecemos e partimos. Seguimos a trilha principal, rumo ao Açude do Camorim, que descreve um arco perfeito, a partir do pé da serra. A trilha segue a lombada da ladeira até quase no topo, de onde se avista o baixadão de Vargem Grande, do Recreio dos Bandeirantes, da Barra da Tijuca e o mar, o infinito mar do Atlântico. Ficamos possuídos pela imagem que o mar nos proporcionou com sua fulgurante imensidão. Não foi fácil para nos desvencilharmos dela e seguir caminho para o Açude. Mas rumamos e seguimos no sentido oeste, atravessando a serra. Na metade da sua extensão pudemos perceber que ela é um imenso vale, formando uma bacia, que recebe lá no seu fundo diversos pequenos regatos, que vão formar o tão famoso Açude do Camorim. Ao chegar às suas margens, ficamos paralisados com o seu panorama prateado, cercado de verde e pontilhado por flores aquáticas de cores variadas, pássaros, patos e lambaris nos cumprimentando ao espelho d'água; e alguém perguntou " Estou no paraíso?"
Realmente. Tem-se essa impressão, mas foi possível constatar alguns "adão-e-eva" nusinhos, transando em cima das pedras, sem a menor preocupação com a presença de estranhos; estranhos talvez até na espécie, porque fazer amor no meio da mata à beira de um lago sobre uma pedra, não é programa de gente, nem de índio...
Fizemos algumas pesquisas sobre o lado. Ele está localizado sobre uma imensa nascente, pois é possível perceber a água borbulhando em diversos pontos. O seu fundo é um imenso depósito de materiais orgânicos em decomposição, o que resulta num pântano perigoso, sobretudo para quem não se relaciona bem com águas paradas, aonde a natação é perigosa. Sua fauna é muito rica, com variadas espécies de peixes, entre as quais se destaca o bagre e foi possível notar visitantes assando peixe em espetos artesanais, Há muito lambari, mas este é utilizado apenas como isca. Sua flora é riquíssima em flores, sobretudo orquídeas, de diversos tipos e cores, devido a imensa quantidade de galhadas no leito do Açude.
Bom, isto foi apenas a chegada. Consultamos as horas e percebemos que estávamos sem sinal nos celulares. Aí resolvemos lanchar. Nos sentamos sobre uma árvore e atacamos nossos sandubas, depois tomamos água e acertamos de fotografar o lago de diversos ângulos. Mas isso não é fácil pois ele mede em torno de trezentos metros, a partir desta pedra, que é a parte baixa, por onde a água desce para formar a cachoeira a uns duzentos metros a baixo, conhecida como Véu de Noiva. Como é possível notar na foto, o ambiente é frequentado mais por jovens, seja pelo espírito de aventura, seja por um "sexozinho" extravagante, um peixinho assando na floresta, uma "merirruana" barata, tudo devidamente ciceroneado por uma caipirinha disfarçada em garrafa de água. Com toda franqueza do mundo, é uma pedida e tanto!
Depois que tiramos bastante fotos, seguimos o leito formado pelas águas do Açude, que vão para a cachoeira e findam na estação de tratamento rumo à cidade. Entre o Véu de Noiva e o Açude há uma caverna imensa, por onde a água passa entre as pedras. É muito perigoso tentar cruzá-la, pelo menos para mim, devido à quantidade de morcegos, caranguejos, escorpiões e inclusive cobras, que encontramos dormindo, além da camadas de lodo ser muito espessa e escorregadia. Entre os nossos desafios, um seria transpor a gruta, mas desistimos e desaconselhamos.
***
Nenhum comentário:
Postar um comentário